A notícia que nos chega de Bananal, interior de São Paulo, não é apenas triste. Ela é um soco no estômago, um atestado da falência moral que, por vezes, assola a condição humana. Um cavalo, exausto, teve suas patas mutiladas. O ato, de uma brutalidade atroz, culminou na morte do animal e deixou um rastro de indignação nacional. É impossível analisar um crime como este sem se perguntar: onde estava a razão?
Enquanto o horror se desenrolava em São Paulo no sábado, uma coincidência de calendário nos impõe uma reflexão ainda mais profunda. Aqui mesmo, em Jampruca, neste domingo, vivíamos uma cena completamente distinta: uma cavalgada festiva celebrava a tradição, com animais e cavaleiros desfilando por nossas ruas. O paradoxo é gritante e nos força a olhar para dentro. De um lado, a barbárie; do outro, a festa. Mas em ambos os cenários, o mesmo protagonista: o cavalo.
Este contraste precisa servir como um poderoso alerta a todos nós, especialmente aos tutores de animais. A imagem de nossos conterrâneos celebrando sobre suas montarias, um dia após um animal da mesma espécie ser torturado até a morte por não "aguentar mais andar", deve acender um sinal de atenção. Fica aqui um apelo direto: zelar por um animal é uma responsabilidade imensa, que vai muito além de dar água e comida ou de exibi-lo em um evento.
Cuidar é garantir o bem-estar, respeitar os limites físicos, oferecer descanso digno, prover cuidados veterinários e, acima de tudo, reconhecer que sob a sela e o arreio existe uma vida que sente dor, medo e cansaço. Que a nossa cavalgada seja sempre um símbolo de respeito e parceria entre homem e animal, e nunca uma demonstração de vaidade que ignora o sofrimento.
Que o relincho silenciado em Bananal não seja em vão. E que nós, aqui em Jampruca, façamos da nossa tradição um exemplo. Que cada tutor olhe para seu animal não como uma posse, mas como um parceiro que merece lealdade e cuidado. A crueldade floresce no silêncio e na negligência. Cabe a nós escolher a justiça e a responsabilidade, para que o reflexo que vemos em nossa cidade seja sempre o da compaixão, e nunca o da barbárie que manchou as terras de Bananal.