A arte se manifesta
No detalhe das janelas,
No azul marinho dos umbrais,
No cheiro de mofo
Por toda parte.
A arte se manifesta
Por onde vagar o seu olhar:
Nas pedras e madeiras,
Escadas e ladeiras,
Nascentes e mirantes,
Nos restaurantes e nas fontes.
A arte se manifesta
Nas vitrines,
O ouro que reluz,
O topázio imperial
Que só essa terra produz.
A arte se manifesta
Nas jardineiras,
Nos passeios pelas minas,
Através da voz mansa,
No sotaque carregado dos mineiros.
Sim, nossos guias,
Que ao alvorecer do dia
Lhes oferecem um passeio
Ao tempo de colonização,
Ao passado de mineração.
Do garimpo,
Através de túneis,
Galerias e aluvião,
Que produziu riqueza um dia,
Por meio da escravidão.
Quantos sonhos se perderam
Nessas ruas sinuosas,
Quanto suor e sangue se misturou
Com o ouro extraído por entre essas rochas.
Quantas lágrimas foram produzidas
Em cada bloco de pedra dessas igrejas?
Quanto se teve que castigar,
Que açoitar e amordaçar esses trabalhadores,
Que hoje nos fazem viajar
Por essa rica arte histórica chamada Ouro Preto.
Moacir Cosme