Neste sábado (5), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou uma área próxima à Fazenda Rancho Grande, às margens da BR-116, no município de Frei Inocêncio, região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A ação integra o calendário de lutas do Abril Vermelho, tradicional jornada do movimento para reivindicar a aceleração da reforma agrária no país.
Segundo a direção nacional do MST, o ato busca pressionar o governo federal, em especial o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a destravar as políticas de assentamento. O grupo classifica como “tímido” o andamento da reforma agrária no terceiro mandato de Lula.
“O andamento está muito aquém da demanda acumulada nos últimos dez anos, desde o impeachment da [ex-presidente] Dilma Rousseff, passando pelo governo Temer e pelo período de Bolsonaro”, afirmou José Damasceno, da direção nacional do MST.
Ainda segundo o movimento, quando Lula assumiu a presidência em janeiro de 2023, cerca de 65 mil famílias cadastradas pelo Incra aguardavam assentamento em acampamentos por todo o país.
A ocupação em Frei Inocêncio reuniu mais de 600 famílias e acontece de forma pacífica. O lema do Abril Vermelho em 2025 é “Ocupar para o Brasil alimentar”, e prevê ações em todos os 26 estados e no Distrito Federal, com foco em áreas com potencial produtivo.
Em nota, o Governo de Minas Gerais informou que a segurança da área ocupada é de responsabilidade do governo federal, por se tratar de uma faixa de domínio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), uma autarquia federal.
“A responsabilidade por qualquer tipo de negociação ou ação de desocupação no local é da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do governo federal. A PMMG acompanha a movimentação do grupo no local dentro das suas limitações”, diz o comunicado oficial.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) já foi acionada para acompanhar a situação.
O Abril Vermelho é realizado todos os anos em memória do Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, no Pará, quando 19 militantes do MST foram mortos e outros 69 ficaram feridos durante uma operação da Polícia Militar.
Além da ocupação em Minas, o movimento também promoveu neste sábado uma ação semelhante em Goiânia, no interior de Pernambuco, onde cerca de 800 famílias invadiram a Usina de Santa Teresa. Outras ações incluem bloqueios de rodovias, protestos, mutirões de cadastramento de famílias e mobilizações em áreas improdutivas.
O MST reafirma o compromisso com a produção de alimentos saudáveis, a agroecologia e a democratização do acesso à terra como caminho para a paz e a segurança alimentar no campo.